Governar e gerir as florestas para serviços de ecossistemas múltiplos a nível mundial, Bona, Alemanha, 26-27 de Fevereiro de 2020
A conferência foi organizada pelo EFI em colaboração com mais de 20 organizações e o projecto INFORMAR dedicado à gestão florestal integrada e o projecto POLyFORES focado em serviços ecossistémicos. Vários conceitos de gestão florestal, como a gestão florestal sustentável, a gestão baseada nos ecossistemas, a silvicultura próxima da natureza ou a silvicultura multifuncional, foram desenvolvidos para responder a diferentes exigências sociais em diferentes contextos. O objectivo da conferência era compilar e sintetizar provas científicas relacionadas com o estado actual das práticas e restrições da gestão integrada das florestas, tanto do ponto de vista da governação como do ponto de vista técnico.
Um dos interesses desta conferência era ter uma mistura de ciência política e de ciência técnica que abordasse os desafios da gestão integrada das florestas em vários contextos e a várias escalas.
A primeira sessão foi dedicada a uma panorâmica global da gestão de múltiplos serviços em todo o mundo, tendo Robert Nasi apresentado o tema dos serviços ecossistémicos associados à plantação de acácias nas regiões tropicais, seguido de Natalia Lukina comparando o sistema extensivo russo e o sistema intensivo sueco de gestão florestal boreal, ilustrando os desafios que se colocam a ambos os sistemas na realização de compromissos para os serviços ecossistémicos. Christian Messier apresentou contribuições do Canadá, dos Estados Unidos e da Austrália, comparando as abordagens de segregação australiana e americana com as do Canadá e o seu impacto na conservação da biodiversidade, armazenamento de carbono e produção de madeira; foi seguido por Eduardo Rojas Briales, que ofereceu uma perspectiva espanhola de um país que enfrenta as alterações climáticas, o aumento do risco de incêndio e a desertificação rural, o que está a modificar significativamente a procura e a oferta de serviços ecossistémicos. Ulrich Rami concluiu apelando aos gestores florestais para que passassem do povoamento para a paisagem e a gestão conduzida por peritos para o planeamento participativo das florestas.
Foi então pedido aos economistas que abordassem a questão da poupança paisagística (landscape sparing) ou da partilha de terrenos (land sharing), não podendo concluir que um dos sistemas era vantajoso.
Numa sessão paralela foram apresentados numerosos estudos de caso, alguns analisando o impacto da composição das espécies e outros analisando as sinergias entre a gestão da conservação da biodiversidade e o sequestro de carbono.
Representantes da Acção CA15206 – Pagamentos por Serviços Ecossistémicos (Florestas para a Água) – demonstraram de forma quantificada a eficácia das florestas na melhoria da qualidade da água nas zonas de captação e a forma como algumas empresas como a Vittel estão dispostas a pagar por este serviço, enquanto outras poderiam apoiar as plantações.
Esta conferência foi também uma oportunidade para o Director do IEFC apresentar alguns dos trabalhos realizados pela equipa e pela rede de apoio à gestão integrada e à gestão dos serviços ecossistémicos nas florestas de plantações. O trabalho de análise da gestão da madeira morta e da sua contribuição para a diversidade saproxílica foi recordado, ilustrando as soluções de compromisso com a produção de biomassa e a estratégia de remoção de cepos. Foi salientado o papel das margens arborizadas na protecção das águas dos cursos de água em relação a outras utilizações do solo. O valor acrescentado da simulação paisagística para o ordenamento do território e o planeamento sectorial foi ilustrado pelo exercício do cenário INTEGRAL realizado na região de Pinus pinaster. A apresentação concluiu com a falta de capacidade de ordenamento do território, uma vez que as decisões são demasiado fragmentadas para permitir a criação de paisagens verdadeiramente resilientes.
Autor: Christophe Orazio (IEFC)