O projeto FIRE-RES concluiu recentemente uma valiosa reunião geral, entre 7 e 9 de novembro, onde foi criado um esforço interligado no sentido de enfrentar os desafios dos incêndios florestais e aumentar a resiliência das paisagens contra os incêndios.

Começando com uma receção calorosa e visões institucionais pelo ISA, FWISE e AFVS, o primeiro dia estabeleceu as bases para as sessões esclarecedoras que se seguiram. Os líderes dos Work Packages do CTFC partilharam connosco os seus roteiros que correspondem aos objectivos do projeto, explorando simultaneamente o tema da compreensão dos eventos extremos de incêndios florestais (EWEs), que são incêndios florestais que excedem a capacidade de controlo atual. Chamaram também a atenção para o seu papel no desenvolvimento de paisagens resilientes. Especialistas como Zisoula Ntasiou, Martí Rosell e Teresa Valor partilharam relatos poderosos e lições inestimáveis, lançando as bases para os debates subsequentes.

Apresentação dos objectivos do projeto durante a Assembleia Geral do FIRE-RES

No segundo dia, a viagem continuou para além dos limites das salas de reunião. Uma viagem de campo a Penafiel tornou-se uma exploração, mostrando aplicações práticas de gestão florestal em três paragens diferentes: a primeira na REN (Redes Energéticas Nacionais), lidando com a instalação de barreiras de combustível sob linhas eléctricas, outra na Quinta Aveleda, explorando sistemas de subsídios que promovem alterações no uso do solo em áreas altamente propensas a incêndios e, finalmente, outra na “Ilha da Biodiversidade”, Fonte Arcada, demonstrando os benefícios para a biodiversidade resultantes da plantação de sebes de folhosas para mitigação do risco de incêndio.

Paragem da visita de estudo para descobrir as opções bioeconómicas da Ilha da Biodiversidadeons

Esta exploração está em consonância com o trabalho do Living Lab de Nouvelle-Aquitaine: uma colaboração entre o IEFC (Instituto Europeu de Florestas Plantadas), o INRAE (Instituto Nacional de Investigação em Agronomia e Ambiente) e o SDIS (Serviço Regional de Incêndios e Salvamento) conduziu à construção de um mapa de risco de incêndio da região através de modelação, melhor mapeamento de combustíveis e simulação da propagação de incêndios florestais. Este trabalho tem como objetivo promover a reorganização do uso do solo para tornar a paisagem mais resistente ao fogo. O IEFC e a ARDFCI também estão envolvidos com municípios locais (SYBARVAL, PaysBARVAL, PNR Landes de Gascogne, ONF…) para melhorar o seu planeamento urbano num contexto de alterações climáticas. Todos estes parceiros poderão encontrar-se durante a última reunião do comité de inovação do Living Lab em 26 de setembro de 2023.

Reunião do Comité da Inovação em Mimizan, a 26 de setembro de 2023

Após esta visita de estudo a Portugal, a reunião de stackeholders tornou-se num ponto central, através de uma mesa redonda e de entrevistas aos meios de comunicação social, sublinhando a importância da ação colectiva. O dia culminou com uma discussão abrangente, combinando iniciativas no terreno e avanços tecnológicos.

No último dia, o foco passou a ser a comunicação dos progressos e dos principais resultados em vários domínios, liderados pelos líderes dos Work Packages. Um grande exemplo de resultados-chave tecnológicos foi apresentado pelo Living Lab da Bulgária e da Grécia, e consiste na utilização de um simulador de comportamento de incêndio associado a sistemas de apoio à decisão, para conceber soluções de mitigação de riscos a curto prazo. Outro exemplo que pode ser citado é a estratégia de comunicação entre os grandes proprietários florestais, tornando possível a gestão ao nível da paisagem, o que se espera venha a ter um impacto significativo. Os progressos foram também destacados pela equipa do INESC TEC que demonstrou sensores de fumo pessoais para aumentar a segurança dos bombeiros.

Ao encerrar este capítulo, o compromisso coletivo e as abordagens inovadoras apresentadas, iluminam um caminho para paisagens resilientes contra a ameaça de incêndios florestais. A próxima Assembleia Geral está planeada para ter lugar em Nouvelle-Aquitaine Living Lab em 2024, por isso fique atento a novos desenvolvimentos, à medida que o projeto FIRE-RES continua a sua jornada de inovação e resiliência.

Lucas Moreews, Engenheiro Florestal do Instituto Europeu De Floresta Plantada