Os riscos de introdução de insectos exóticos ou patogénicos no território europeu têm vindo a aumentar a um ritmo exponencial desde o século XIX1. As principais razões são, por um lado o aumento do comércio de material vegetal e de produtos de madeira, mas também as alterações climáticas que enfraquecem os ecossistemas e permitem o acesso a novas áreas por outro. E embora a maioria destas introduções não representem um risco para as nossas florestas, uma pequena parte é capaz de se estabelecer e causar danos consideráveis (por exemplo, o nemátodo do pinheiro, a murchidão do freixo, e as pragas de escolitideos).
Foi neste contexto que o projeto HOMED, financiado pelo programa europeu Horizon 2020, foi lançado em 2017. O objetivo do projeto era propor uma gama de métodos práticos e inovadores, bem como de ferramentas e soluções para a gestão de pragas e doenças, autóctones exótico, emergentes, numa abordagem sistémica envolvendo vários atores. Cinco anos mais tarde podemos dizer que , o trabalho dos investigadores foi bastante produtivo com mais de 50 resultados, cerca de 40 publicações científicas, tutoriais, entrevistas ou vídeos educativos disponiveis no website do projeto.
O projeto também teve a preocupação de disponibilizar estes resultados numa versão acessível ao maior número de pessoas possível, que passamos a apresentar. Este é o Knowledge Hub, a vitrina do projeto que reúne numa interface intuitiva todos os resultados de interesse prático para os atores do sector: gestores e proprietários florestais, viveiros, autoridades fitossanitárias, decisores políticos e cidadãos comuns. Esta plataforma contém cerca de vinte elementos em diferentes formatos:
– Ferramentas online: simulações, modelos e mapas de risco para antecipar os pontos de introdução mais suscetíveis ou danos verificados
– Folhas descritivas de protótipos de armadilhas para insetos ou esporos, desenvolvidas para diferentes objetivos
– Resumos gráficos para comunicar os resultados científicos ou conteúdos técnicos de interesse prático
– Notas de síntese contendo recomendações de natureza mais política e jurídica

Podem encontrar-se resultados relevantes para a gestão de cada uma das fases da introdução de um agente de praga: previsão do risco, deteção das primeiras introduções, monitorização da propagação e, finalmente, métodos de erradicação ou, na sua falta, de controlo. É através do reforço da cooperação europeia e internacional em termos de monitorização em cada fase do transporte de material de risco, aplicando as soluções de deteção disponíveis e partilhando os dados adquiridos que reduziremos os riscos para as nossas florestas. Convidamo-lo a visitar o website do projeto para ver como estes resultados o podem ajudar na gestão diária destas questões no seu caso particular.
[1] (Brockerhoff, E.G. & Liebhold, A.M, 2017) https://link.springer.com/article/10.1007/s10530-017-1514-1
Benoît de Guerry, IEFC