
Votos do IEFC para um prospero 2025
O último mês de novembro foi o segundo mais quente de que há registo no mundo, depois de novembro de 2023. Se o padrão meteorológico La Nina se formar em 2025, as temperaturas globais poderão arrefecer ligeiramente, mas isso não irá travar a tendência de aquecimento nem a ocorrência de ondas de calor, secas, incêndios rurais e ciclones tropicais perigosos. Desta forma, as alterações climáticas, a perda de biodiversidade e o desenvolvimento sustentável continuarão a ser desafios críticos a enfrentar em 2025 e no futuro. Novembro passado foi também o mês da 29ª Conferência das Partes (COP29), durante a qual o mercado do carbono foi um dos principais tópicos, com um mandato claro para alinhar o mercado de carbono com a ciência. Este alinhamento poderá não só contribuir para uma contabilização do carbono sequestrado para efeitos de comercialização mais precisa, mas também para uma maior transparência de todo o processo. Mais do que nunca, as interações entre a Ciência e a Política devem ser reforçadas, tal como salientado nas conclusões do congresso mundial da IUFRO2024.
As florestas são fundamentais para ajudar a mitigar as alterações climáticas, uma vez que os produtos e serviços que delas proveem podem ser a solução para muitos dos desafios futuros. De facto, o futuro é já amanhã, uma vez que na tentativa de abandonar os combustíveis fósseis, se fixou que a neutralidade climática deveria alcançar-se até 2050, sendo que até 2030 se estabeleceu como meta uma redução de, pelo menos, 55% das emissões de gases com efeito de estufa (comparativamente com os níveis de 1990). A responsabilidade partilhada de reduzir o carbono atmosférico assenta em soluções baseadas na natureza (nature-based solutions). As florestas plantadas podem aumentar o sumidouro de carbono terrestre e, assim, abrandar a acumulação de CO2 na atmosfera. A plantação de misturas de espécies aumenta frequentemente a produtividade, reduz o impacto das perturbações e aumenta a biodiversidade em relação às monoculturas. Na procura diversidade, a antiga Task Force da IUFRO sobre Florestas Plantadas abriu caminho para explorar mais a fundo os benefícios do aumento da complexidade em plantações com vista a melhorar a resiliência das florestas plantadas puras e mistas. Se for bem-sucedida, a proposta para esta nova Task Force coordenada pelo IEFC contará com colaboração internacional e interdisciplinar produzindo certamente conclusões interessantes: façam figas!
É expectável que a maioria das medidas destinadas a promover a neutralidade carbónica só possa ser alcançada com o apoio de políticas adequadas. Assim, a estratégia e as ações futuras devem incluir a melhoria da comunicação e o desenvolvimento das interações entre ciência e política, para que os políticos possam adotar decisões políticas baseadas na ciência. Outro passo vital é o reforço do diálogo e das colaborações, de modo a que os resultados da investigação possam ser disponibilizados às partes interessadas. O IEFC encontra-se numa posição privilegiada para promover a divulgação da ciência entre as partes interessadas face ao seu envolvimento em diversos projetos de investigação. Em 2024, o IEFC abraçou atividades de divulgação e comunicação, tendo coorganizado eventos, como a 27ª Sessão da Comissão Internacional de Choupos e Outras Árvores de Crescimento RápidoSession of “, (IPC 27th Session of the International Commission on Poplars and Other Fast-Growing Trees) e participado em conferências e reuniões de projetos. Para além disso, o IEFC promoveu ainda uma ampla rede interdisciplinar, na Europa e no estrangeiro, e o intercâmbio global de conhecimentos, apoiando inovações e tecnologias para melhorar o desenvolvimento de soluções sustentáveis que satisfaçam as exigências económicas, sociais e ecológicas (consulte a secção dos webinars no sítio de internet do IEFC).
Por último, mas importante: este ano o IEFC celebrou 25 anos de silvicultura de plantações. As celebrações incluíram networking e o intercâmbio de conhecimento, tendo os participantes sido convidados para um seminário em que foi apresentada uma abordagem resiliente dirigida a florestas plantadas seguido de uma visita a ensaios experimentais e sítios de demonstração na Escócia guiada pelo Bill Mason que faleceu um dia depois da visita. Obrigada Bill pelo seu empenho e dedicação à silvicultura.[1]
O IEFC deseja-lhe a si e às florestas plantadas, puras ou mistas, um próspero 2025!
[1] https://www.forestresearch.gov.uk/news/139468-william-lorn-mason-dsc-ba-bsc-micfor/
Susana Barreiro, Presidente do IEFC